Quando estamos na escola, o que aprendemos sobre as cores é que elas podem ser primárias (magenta-vermelho, amarelo e ciano-azul – as puras que existem por elas mesmas, ou seja, nada pode ser misturado para criá-las), as secundárias (laranjas, verdes e violetas, ou seja, aquelas feitas da mistura das primárias) e as terciárias, as misturas de primárias e secundárias.

Se não formos nos graduar numa escola de comunicação, design, artes plásticas ou moda, a coisa fica por aí. O que nossos queridos professores primários se esquecem de nos dizer ou contar é o impacto das cores na nossa vida e no nosso cotidiano.

Só pegando grandes artistas plásticos (aqueles que trabalham com cores o tempo todo) vemos que elas estão além de misturas e leis de refração de luz. Enquanto Monet definiu as cores como sua “obsessão, alegria e tormento de um dia inteiro”, Kandinsky disse que as cores são o poder que influenciam diretamente nossa alma e David Hockney afirmou que prefere viver em cores.

O primeiro estudo de cores registrado foi de Newton, quando descobriu que a luz branca quando passada por um prisma se decompunha em várias cores, mas foi Goethe, num estudo de 1798, que observou o “efeito sensorial-moral das cores”, ou seja, seu impacto no estado de espírito de um ser humano.

Nesses 223 anos após a Teoria de Cores do filósofo alemão, muita coisa foi percebida e estudada, inclusive aqui em terras brasileiras com o grande clássico “Psicodinâmica das cores em comunicação” de professor da USP, Modesto Farina, publicado nos anos 70 e reeditado desde então.

Aqui prefiro me ater nas cores de sua roupa. Porque uma boa escolha de tons, pode fazer toda a diferença em uma situação.

Por exemplo, quer passar confiabilidade, segurança, sucesso e tranquilidade numa entrevista? Use azul. Pesquisas da University of British Columbia mostraram a influência da cor e ainda que tons mais escuros de azul tem um efeito calmante, passam em senso de eficiência, controle e autoridade (não confunda com autoritarismo). Azul também é muito boa para apresentações e treinamentos profissionais.

Já ousadia, energia, paixão e aquela agressividade boa, está no vermelho. O que é ótimo para quem trilha caminhos na área comercial, por exemplo. O vermelho mostra que você gosta de viver as coisas ao máximo, que às vezes se arrisca um pouco e que coisas novas ou estranhas não assustam você rapidamente, pois você está focado em seguir em frente. Mas cuidado, vermelho também é muito associado com sedução e sensualidade. Pode mandar mensagens erradas, dependendo da roupa que usa.

Amarelo é a cor da alegria. Especialistas dizem que tons de amarelo em roupas são frequentemente usados por pessoas ativas e criativas, por sonhadores e aventureiros brilhantes, prontos para explorar e conquistar. Estudos mostram que a cor aumenta a produção de serotonina no cérebro, acelera o metabolismo e melhora o humor de todos ao seu redor. Além disso, o amarelo aumenta a concentração e a atenção, por isso é muito usado em outdoors, sites de publicidade, etc. O aspecto negativo da cor quando usada exageradamente é que pode passar uma certa ansiedade e um excesso de autoconfiança. Por isso é sempre bom contrastar com outras cores como preto, verde, bege, branco, entre outras.

Segundo Angela Wright, especialista inglesa em psicologia das cores, o verde cria o equilíbrio essencial entre a mente, o corpo e as emoções. Portanto, é a cor mais repousante de se olhar. E mais, cientistas da Universidade de Amsterdam afirmam que a cor verde mantém o bom humor dentro de você e ao seu redor. Se você descobrir que costuma escolher roupas verdes é provável que queira ser querido e reconhecido. A cor também indica que você tem um bom coração e é muito atencioso e passa a imagem de uma pessoa que têm uma vida social ativa e está atenta à sua reputação e às suas finanças.

O roxo e o púrpura sempre tiveram associado a realeza e alta sociedade, mas hoje indica criatividade, percepção e amor pela arte e pessoas que usam roxo passam a ideia de serem emocionais e sensíveis.

Já o laranja sempre confere ao ambiente um clima de festa, além de ser uma cor acolhedora, enérgica e atraente. Quem usa laranja passa a ideia de otimismo e busca mudanças, mas também podem parecer um pouco excêntricas, ambiciosas e prudentes.

E finalmente vamos para as quatro cores mais básicas e mais comuns na hora de se vestir, mas que sim, passam muita coisa a quem as usa e quem as observa:

O preto será eternamente associado a elegância e sofisticação. Simboliza poder, luxo e autoridade. Quando usado no trabalho, o preto exala liderança. Fora dele, pode passar sensualidade. É muito fácil de combinar e seria muito seguro de usar se não fosse um senão: muito preto em sua roupa, porém, pode fazer você parecer inacessível, frio e áspero e pode afastar pessoas socialmente. É preciso saber combinar.

O branco é o símbolo da liberdade, pureza, inocência e simplicidade, só que assim como o preto pode passar ideias erradas, pode transmitir mensagens de às vezes vulnerável, distante frio. Não transmite sentimento ou comunica um estado de espírito. É neutro.

O cinza é a cor do equilíbrio, não é escuro nem claro. Segundo a já citada especialista inglesa, Angela Wright, “quando o ambiente ao seu redor é cinza, o instinto humano é hibernar”. Só que o cinza é também a cor da tranquilidade, dimensionalidade e maturidade (muitos homens seniores adoram usar cinza, especialmente lã cinza). Se uma pessoa tem muitas roupas cinza, geralmente significa que ela deseja permanecer invisível, pela discrição da cor.

E, por fim, encerramos com o marrom. Por um lado é a cor da Terra e traz confiabilidade, força e estabilidade. Uma mulher com um vestido marrom ou um homem com uma jaqueta marrom dão a impressão de serem pessoas confiáveis, inteligentes e racionais, mas também podem passar a impressão de serem conservadores e tradicionais, que sempre buscam estabilidade, muita calma e que precisam ponderar demais em tudo. Já foi mostrado em estudos que o marrom auxilia a comunicação entre pessoas por esses aspectos, mas em ambientes mais acelerados, pode passar a impressão de um profissional “mole”.

Existem outros aspectos que envolvem cores como aquelas que mais podem valorizar seu tom de pele, ou as que combinam com o ambiente onde você se encontra etc. Mas conhecendo um pouco dessa psicologia de cada cor, você pode começar a pensar em variações do seu guarda-roupa, combinações interessantes e fazer os seus experimentos com cores.

Já disse Coco Chanel, “a melhor cor em todo mundo é aquela que combina com você”. E eu acrescentaria, e que combina com a imagem que quer passar.